Pequenos fatos.

Nada pode-se, tudo se pede, e trocadilhando, tudo se perde… O amor, a compaixão, a própria inimizade, a beleza surge, floresce no peito, assim rapidamente, e cria raiz no mesmo…
Nada igual, tudo irreal.
Afloram os medos, o caos, presente motivo de uma vida sem nexo, a paz recolhida, apelidam-na guerra, os prazeres, dessaborosos como sempre, ganham força, e se manifestam ante o público!!!Os crimes, reconquistados, recolhidos na paz, igualmente reclamam a guerra que sempre sonharam… A guerra dos amantes, a guerra do amor odiado, da paz desfeita de sentidos, nada calmo, a calma é inimiga da perfeição. Inimiga da criatividade. Assim pensou Letters após dar o primeiro tiro. O sangue escorria, vermelho e rijo como sempre, mas dessa vez pelo colchão, depois pelo chão. Marga nem chorava. Nem ria. Nem fez cara de assustada. Ela não podia. Letters levanta a arma, aponta para Marga e dá um tiro seco. Tira sua esposa do colapso, abaixa a alma, junto com a arma e desaba. Não chora, não consegue. As balas acabaram, nem Marga parou seu sofrimento por falta de balas. Marga volta-se a sua posição original, olha Letters fixamente, não sabe o que há. O universo é uma babaquice, o futuro é o limite do passado, as formas de sonhar são mais desagradáveis que os pesadelos, a ânsia de se ter sentidos é mais perigosa do que as de percebê-los apenas. O amor não estará nunca presente, apenas o sexo, uma foda bem dada, a carne, um músculo ou vários, mas assim? Como que pode? Os músculos enrijeceram, a carne está fria, o corpo vazio, nem alma presente, apenas uma arma reencostada ao chão, também vazia, fria, rija. Marga se pensou louca. Disse estar louca. Letters levanta a cabeça, a olha fixamente, a responde, loucura é pensar. Foi necessário muito pensamento para assim resolver uma vida. Uma resolução foi esgotá-la, foi deixá-la despresente, plenamente corrompida, fazer do vazio o mais vasto prazer químico-cerebral. O pensamento é intercalado com outro, seja para uma evolução, revolução, ou negação do outro. Neste caso foi uma negação. E uma evolução para o cérebro que ainda funciona. Barulho de sirenes.